“O meu Algarve”
Poema de João Lúcio - 1905
“João Lúcio
Pousão Pereira,
nasceu em Olhão no dia 4 de Julho de 1880, numa família abastada e culta,
evidenciou desde cedo talento para a escrita. Estudou Direito em Coimbra e já em Olhão,
João Lúcio torna-se rapidamente um advogado famoso, dados os seus dotes
argumentativos e orais. Segundo os jornais regionais de então, cada vez que o
poeta ia advogar, as salas de tribunais enchiam, e ainda hoje, é considerado
como um dos mais distinguidos advogados algarvios de sempre. Os seus dotes de magnífico orador
granjearam-lhe o respeito e a admiração nos meios políticos, tendo sido
deputado da Nação e presidente da Câmara Municipal de Olhão.
João Lúcio foi um poeta naturalista, romântico e
sonhador, grande apaixonado pelo Algarve escreve a sua obra poética mais
conhecida "O Meu Algarve" (1905), onde
hiperboliza a luz, as cores, a terra e o mar do seu Algarve. O poeta João Lúcio
tinha um gosto exuberante pela cor e mitologia popular. Infelizmente, João
Lúcio viveu pouco tempo, pois foi vítima da gripe pneumónica , em 1918, quando
tinha apenas 38 anos”.
Através da leitura do poema "O Meu Algarve",
de João Lúcio Pousão Pereira, texto que não era do nosso conhecimento,
selecionamos um conjunto de imagens alusivas ao Algarve por forma a ilustrar as
nossas passagens preferidas, conforme solicitado na ficha de trabalho, pela
professora Helena Lourenço.
Romântico
torrão de doidas fantasias,
Namorado
gentil, sensual e troveiro,
Onde o luar se orquestra em novas harmonias
E faz de neve em vez das neves de Janeiro…
Terra
dos figueirais e das vinhas Formosas
Do luar novelesco, embriagante, albente,
Onde o Sol sensual cansa os nervos das rosas,
Numa volúpia de oiro intensa, absorvente…
Do luar novelesco, embriagante, albente,
Onde o Sol sensual cansa os nervos das rosas,
Numa volúpia de oiro intensa, absorvente…
Costas
do meu Algarve, onde é tão terno o mar,
Dum veemente azul em ritmos de veludo,
Com neblinas de prata, ao nascer do luar,
Espumantes de luz, quando o sol cobre tudo
Dum veemente azul em ritmos de veludo,
Com neblinas de prata, ao nascer do luar,
Espumantes de luz, quando o sol cobre tudo
Tu
vais cantar de noite à beira dos moinhos,
Das colinas, dos cais, das praias murmurosas,
Para embalar o sono às aves nos seus ninhos
E para destruir a insónia das rosas…
Das colinas, dos cais, das praias murmurosas,
Para embalar o sono às aves nos seus ninhos
E para destruir a insónia das rosas…
Quando
perto de ti as namoradas choram,
Meu belo aventureiro azul, vais consolá-las;
Por isso, lindo mar, elas tanto te adoram:
Abrem-te o coração, sempre que tu lhes falas…
Tu
vais adormecer sobre o barco, cantando,
O pobre pescador cansado de remar…
Pra poderes tornar o seu mais brando;
Nem o barco, sequer, lhe fazes oscilar…
Tu vais fazer vibrar as pequeninas ilhas,
Emergindo de ti, brancas, silenciosas,
Na melodia azul das vagas e das quilhas
E das velas correndo, alvas e luminosas.
Vais
fazer latejar, numa glauca harmonia,
As rochas junto a ti erguidas e soldadas,
Meu lindo mar do Sul, oh mar da Fantasia,
Da Aventura, do Amor, da Lenda e das Baladas!
Luar
do meu Algarve, imaculado e fino,
Luar fluido, de neve, opalas e jasmins,
Romântico luar, transparente e divino,
Que inundas de Quimera as áleas dos jardins
Cai-me
sobre o olhar: banha-me em teu fulgor,
Oh sol que pões no Céu um latejante azul:
Dá-me a tua alegria e dá-me o teu vigor,
Oh sol, imortal sol, do meu país do Sul…
Eu
amo a vossa cor, o vosso brilho forte,
A fecunda alegria que de vós se evapora;
Detesto a palidez que cobre os céus do norte,
Onde a Cor se desbota e onde a Luz se descora.
Bibliografia:
https://www.flickr.com/photos/chrisschoenbohm/14012844189http://rsfotografia.pt/fotografia/viagens/praia-do-pinhao-algarve-lagos
http://www.vila-paraiso.com/portugues/index.php/allgemeines/umgebung/portimao/109-die-umgebung
http://pt.dreamstime.com/imagem-de-stock-porto-em-lagos-portugal-image15840491
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