sábado, 9 de janeiro de 2016

“O meu Algarve” - Poema de João Lúcio - 1905

“O meu Algarve”

Poema de João Lúcio - 1905


João Lúcio Pousão Pereira, nasceu em Olhão no dia 4 de Julho de 1880, numa família abastada e culta, evidenciou desde cedo talento para a escrita. Estudou Direito em Coimbra e já em Olhão, João Lúcio torna-se rapidamente um advogado famoso, dados os seus dotes argumentativos e orais. Segundo os jornais regionais de então, cada vez que o poeta ia advogar, as salas de tribunais enchiam, e ainda hoje, é considerado como um dos mais distinguidos advogados algarvios de sempre. Os seus dotes de magnífico orador granjearam-lhe o respeito e a admiração nos meios políticos, tendo sido deputado da Nação e presidente da Câmara Municipal de Olhão.
João Lúcio foi um poeta naturalista, romântico e sonhador, grande apaixonado pelo Algarve escreve a sua obra poética mais conhecida "O Meu Algarve" (1905), onde hiperboliza a luz, as cores, a terra e o mar do seu Algarve. O poeta João Lúcio tinha um gosto exuberante pela cor e mitologia popular. Infelizmente, João Lúcio viveu pouco tempo, pois foi vítima da gripe pneumónica , em 1918, quando tinha apenas 38 anos”.
Através da leitura do poema "O Meu Algarve", de João Lúcio Pousão Pereira, texto que não era do nosso conhecimento, selecionamos um conjunto de imagens alusivas ao Algarve por forma a ilustrar as nossas passagens preferidas, conforme solicitado na ficha de trabalho, pela professora Helena Lourenço.

Romântico torrão de doidas fantasias, 
Namorado gentil, sensual e troveiro,
Onde o luar se orquestra em novas harmonias 
E faz de neve em vez das neves de Janeiro…
Terra dos figueirais e das vinhas Formosas
Do luar novelesco, embriagante, albente,
Onde o Sol sensual cansa os nervos das rosas,
Numa volúpia de oiro intensa, absorvente…
  
Costas do meu Algarve, onde é tão terno o mar,
Dum veemente azul em ritmos de veludo,
Com neblinas de prata, ao nascer do luar,
Espumantes de luz, quando o sol cobre tudo

Tu vais cantar de noite à beira dos moinhos,
Das colinas, dos cais, das praias murmurosas,
Para embalar o sono às aves nos seus ninhos
E para destruir a insónia das rosas…

Quando perto de ti as namoradas choram,
Meu belo aventureiro azul, vais consolá-las;
Por isso, lindo mar, elas tanto te adoram: 
Abrem-te o coração, sempre que tu lhes falas…
Tu vais adormecer sobre o barco, cantando,
O pobre pescador cansado de remar…
Pra poderes tornar o seu mais brando; 
Nem o barco, sequer, lhe fazes oscilar…
Tu vais fazer vibrar as pequeninas ilhas, 
Emergindo de ti, brancas, silenciosas, 
Na melodia azul das vagas e das quilhas
E das velas correndo, alvas e luminosas.
 Vais fazer latejar, numa glauca harmonia,
As rochas junto a ti erguidas e soldadas,
Meu lindo mar do Sul, oh mar da Fantasia, 
Da Aventura, do Amor, da Lenda e das Baladas!
Luar do meu Algarve, imaculado e fino,
Luar fluido, de neve, opalas e jasmins,
Romântico luar, transparente e divino, 
Que inundas de Quimera as áleas dos jardins  
Cai-me sobre o olhar: banha-me em teu fulgor,
Oh sol que pões no Céu um latejante azul:
Dá-me a tua alegria e dá-me o teu vigor, 
Oh sol, imortal sol, do meu país do Sul…
Eu amo a vossa cor, o vosso brilho forte,
A fecunda alegria que de vós se evapora;
Detesto a palidez que cobre os céus do norte, 
Onde a Cor se desbota e onde a Luz se descora.
   

Bibliografia:

http://www.vila-paraiso.com/portugues/index.php/allgemeines/umgebung/portimao/109-die-umgebung
http://pt.dreamstime.com/imagem-de-stock-porto-em-lagos-portugal-image15840491


Trabalho Realizado por: 
Francisco Dias e Daniel Marques





 


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